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DRUIDA

No coração das florestas, nas partes mais remotas dos ermos inexplorados, existem mistérios. Clareiras sagradas onde os animais não caçam. Círculos de pedras erguidos por culturas ancestrais. Árvores gigantescas que emanam poder divino. Existe algo milagroso na vida selvagem, uma tradição secreta e antiga passada através dos séculos por mulheres e homens que cultuam, defendem e vivem a natureza. É o mundo místico dos druidas.
O druida é um tipo específico de sacerdote. Devotado a Allihanna, a Deusa da Natureza; Megalokk, o Deus dos Monstros, ou Oceano, o Deus dos Mares, o druida é mais do que um líder religioso. É um guardião de tudo que é selvagem, vivo e puro, um devoto ligado a uma forma primordial de culto divino. Não tem uma congregação ou um templo: vive com os animais e as plantas, realiza suas cerimônias a céu aberto. Sua devoção tem menos a ver com palavras e ritos do que com sangue, seiva, terra, carne. O contato do druida com os deuses e o mundo natural é primitivo, bruto, incorrupto. Muitas vezes um druida nem mesmo reconhece seu deus padroeiro, conectando-se com as forças naturais cruas, sem rosto e sem nome.
Embora haja tradições druídicas em Arton, transferindo conhecimento de mestre para aprendiz ao longo dos séculos, muitos druidas adquirem seus poderes sozinhos, pelo simples contato com a natureza. Isso acontece principalmente com pessoas criadas longe da civilização, mas o chamado selvagem pode surgir para qualquer um. De certa forma, alguém que se torna um druida sempre foi diferente ou especial: a conexão com as forças primitivas não pode ser aprendida numa escola.
Druidas rejeitam boa parte da civilização e suas invenções. Não usam armaduras de metal, preferem dormir ao relento, não entendem autoridades arbitrárias do mundo artificial. Seus maiores companheiros costumam ser animais, não bípedes. Alguns nem usam roupas normais, preferindo se cobrir com folhas, couro cru ou trapos. Eles entendem o ciclo de vida e morte, mas não matam animais sem motivo. Preferem não interferir com a natureza, adaptando-se a ela e deixando que ela direcione sua existência.
Até mesmo o corpo de um druida é modificado por sua ligação com o mundo natural. Druidas são capazes de se transformar em animais, plantas ou coisas mais exóticas. Druidas poderosos se tornam menos pessoas do que entidades ou espíritos dos ermos.
Embora a maioria dos druidas adote uma postura pacífica, defendendo os ermos apenas quando a civilização os ameaça, outros são militantes quase fanáticos. Querem destruir a civilização, queimar cidades e derrubar castelos para devolver Arton a um estado mais puro. Não dão grande importância às mortes que isso causaria: para eles, todos os bípedes inteligentes são invasores numa terra que pertence aos animais e às plantas.
Druidas sabem que a civilização é transitória. Antigamente não havia construções e um dia não haverá mais uma vez. O mundo é selvagem e criaturas inteligentes são meros hóspedes temporários.